No Rio Grande do Sul, o estudo mostrou que 56% da população possui carros e 15,5% motos, o que gera um percentual de 61,5% dos habitantes com veículos privados. Mesmo com esse alto percentual, que é semelhante à média brasileira (54%), Porto Alegre é a metrópole que possui o maior número de trabalhadores que gastam tempo inferior a 30 minutos no deslocamento entre a casa e o trabalho, e também o menor tempo médio de percurso.
Entre as hipóteses levantadas pelo Ipea para esse resultado, que não condiz com o sentimento do porto-alegrense que se desloca diariamente pelas vias da Capital, está a configuração da cidade, que apresenta melhor distribuição das atividades econômicas, e consequentemente dos empregos, em toda a sua área, além dos atributos positivos do sistema de trânsito e transporte. Como era de se esperar, Rio de Janeiro e São Paulo apresentam os menores percentuais de trabalhadores que realizam viagens casa/trabalho com tempos de deslocamentos curtos, em função da extensão dessas metrópoles e maior complexidade dos seus sistemas de mobilidade urbana.
Outra constatação da pesquisa, é que, apesar de ter melhorado a renda e aumentado a posse de veículos automotores, a população pobre ainda enfrenta os maiores problemas de mobilidade urbana nas grandes cidades. Entre as pessoas com renda per capita de meio a um salário-mínimo, 17% passam mais de uma hora no deslocamento casa/trabalho. Essa proporção é de seis pontos percentuais, superior à registrada nas famílias mais ricas (acima de cinco salários-mínimos). Os extremamente pobres (renda de até um quarto do salário-mínimo), por outro lado, passam, em média, menos tempo presos em engarrafamentos (58% gastam menos de 30 minutos). Essa situação, porém, reflete a falta de condições de mobilidade desse estrato da população, que se vê obrigado a trabalhar em locais próximos de casa por não poder pagar os custos do transporte público.
O estudo também ressalta a ineficácia das políticas de auxílio-transporte para as camadas pobres. De acordo com a Pnad, apenas 11% das pessoas extremante pobres recebem vale-transporte. “As classes baixas têm os maiores percentuais de informalidade no trabalho, de forma que a política do vale-transporte não atinge justamente quem mais precisa”, ressalta o texto. O documento conclui ser inevitável a tendência de aumento na taxa de motorização da população, especialmente com a contínua melhora na renda dos trabalhadores, o que gerará impactos sobre as condições de mobilidade e exigirá investimentos vultosos por parte dos governos em melhoria da infraestrutura de mobilidade nas próximas décadas.
Fonte: Jornal do Comércio/RS
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