Se o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) do Rio de Janeiro, à frente das discussões sobre os ganhos salariais e condições de trabalho dos professores da rede municipal e estadual de ensino junto ao poder público, se mantém irredutível em sua proposta de paralisação da rede, uma ala dentro do sindicato já começa a se manifestar a favor do fim da greve que, para os que têm contrato com a Prefeitura do Rio, já dura dois meses.
Em nova assembleia realizada no início da tarde desta terça-feira, no Club Municipal, na Tijuca, zona norte da cidade, a maioria dos professores decidiu por manter a paralisação, muito embora alguns professores tenham se manifestado a favor do fim da paralisação. Cerca de 5 mil professores, de acordo com o sindicato, participaram da reunião de hoje.
A maioria dos docentes está receosa em relação a legitimidade da greve – na próxima segunda-feira, a Justiça analisará se o Plano de Carreiras, Cargos e Remunerações (PCCR) aprovado pela Câmara Municipal de Vereadores tem validade ou não – no primeiro caso, representaria o corte do ponto dos professores desde o início do mês de setembro.
De acordo com Ivanete Conceição, uma das diretoras do Sepe, “houve defesa, sim, de alguns (professores pelo fim da greve) tendo como conteúdo a preocupação com a Prefeitura, que está enviando telegramas pedindo para que avisem o motivo da ausência na escola. Não estamos faltando, e a greve é um direito nosso, é constitucional”.
Ainda de acordo a diretora do Sepe, “algumas mulheres, donas de casa, que têm que arcar com o orçamento, estão preocupadas, claro, por isso a defesa da suspensão. Mais eu te garanto que 70% (dos docentes) reafirma a continuidade da greve”, assegurou.
No dia 1º de outubro, a Câmara Municipal de Vereadores, sem nenhum representante popular em suas galeria, aprovou o PCCR, grande ponto de discórdia entre Prefeitura e Sepe. Na ocasião, enquanto a Casa, com ampla maioria governista que apoiou a proposta do prefeito Eduardo Paes, aprovava o plano, um grande confronto entre policiais, professores e mascarados ocorreu na Cinelândia.
Seis dias depois, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro negou pedido de recurso por parte do Sepe, que determinava o corte do ponto dos docentes desde o dia 3 de setembro, sob pena de multa diária ao sindicato na ordem de R$ 200 mil.
A questão ficou sub judicie quando na última sexta-feira (11) a juíza Roseli Nalin, da 5a Vara de Fazenda Pública do Rio de Janeiro, acatou pedido de liminar promovido pelos nove vereadores de oposição e tornou temporariamente nula a decisão da Câmara que aprovou o PCCR relativo aos professores.
A juíza pediu explicações à Casa e ao presidente e vereador Jorge Felippe (PMDB) acerca da legitimidade da aprovação, que não contou com o acompanhamento popular nas galerias, uma vez que um grande ato acontecia do lado de fora da plenária. Ontem, a Câmara entrou com recurso para derrubar a liminar, que somente será apreciado na segunda-feira da semana que vem.
Fonte: André Naddeo/Terra
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